Após escolher São Pedro para primeiro Papa e chefe supremo da Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo rezou por ele, para que sua fé não desfalecesse; e, “uma vez convertido”, confirmasse seus irmãos.
♦ Plinio Maria Solimeo
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 810, Junho/2018
Catolicismo dedica nesta edição matéria sobre o papel de São Pedro — o Príncipe dos Apóstolos — cuja festa se comemora no dia 29 de junho. Para ressaltar a sua extraordinária vocação de chefe supremo da Igreja, fazemos nossas as palavras dos Pequenos Bolandistas:
“Como poderíamos recusar um elogio àquele que o próprio Filho de Deus — que é a Verdade eterna — declarou bem-aventurado; e que o deixou em seu lugar quando retornou a seu Pai, a fim de tornar-se o sustentáculo e a pedra fundamental de sua Igreja?
“Segundo a explicação do sábio cardeal São Roberto Belarmino, dele foi dito pelo profeta Isaías que, para estabelecer mais solidamente o edifício de Sion, Nosso Senhor punha em seus fundamentos uma pedra experimentada, angular e preciosa, que seria ela mesma fundada sobre o primeiro e principal fundamento, quer dizer, sobre a sua adorável Pessoa.
“Foi a ele que Nosso Senhor mandou confirmar seus irmãos, e deu as chaves do reino dos céus; com uma autoridade tão grande de ligar e desligar, que a sentença de Pedro deve preceder a sentença de Deus; e tudo o que Pedro ligar ou desligar na Terra, é ao mesmo tempo ligado ou desligado nos Céus; e Deus lhe ordenou, enfim, apascentar todas as suas ovelhas e todos os seus cordeiros, sem que houvesse um só fora do seu rebanho.
“Tudo o que podemos dizer dele está muitíssimo abaixo dos seus méritos. Mas não nos é permitido, por isso, calar-nos e não instruir os fiéis a respeito de suas gloriosas ações e dos favores assinalados que ele recebeu do Senhor”.[i]
Pescador no Mar da Galileia
O Apóstolo Pedro nasceu em Betsaida, no nordeste do Mar da Galileia, e recebeu na circuncisão o nome de Simão. O nome Betsaida significa “casa ou lugar de pesca”[ii] em aramaico, a língua local. Ele tinha pelo menos um irmão, André, que se tornará também um dos Doze Apóstolos.
Naquela época a região era aberta à influência helênica, podendo-se supor que esse pescador de olhar atento tenha aprendido muito pela observação do que se passava ao seu redor. Simples e generoso, franco e reto, impulsivo e ardente, modesto e judicioso, ele possuía os dons distintivos do homem capaz de levar a bom termo uma obra difícil.[iii]
Chegando à idade adulta, Simão e André seguiram a profissão do pai, tornando-se pescadores. Simão casou-se e mudou-se para Cafarnaum (cidade de Naum ou da consolação[iv]), na Galileia, onde morava com a sogra e seu irmão André no início da pregação de Jesus, pelos anos 26 a 28.
É curioso que os evangelistas, mesmo mencionando a sogra de Simão, nada dizem de sua esposa, o que leva à suposição de que já fosse viúvo e continuasse morando com a sogra, versão que encontra apoio em algumas tradições antigas. Simão possuía um barco e trabalhava em sociedade com André. Às vezes uniam-se para a pesca com Tiago e João, filhos de Zebedeu.
O encontro com o Messias
Simão, André e João, atraídos como muitos de seus contemporâneos judeus pela pregação de João Batista, tornaram-se seus seguidores.
No meio em que Simão fora criado e crescera, a fé era ainda viva, e profunda a piedade. Na família, e posteriormente na sinagoga, Simão havia sido instruído sobre a história de Israel e adquirido as práticas da piedade tradicional. O fato de ter sido atraído pela pregação de João Batista é indício certo do fervor com o qual esperava a realização da grande esperança messiânica.[v]
Num dia em que o Batista pregava, estando presentes André e João, os emissários dos príncipes dos sacerdotes foram perguntar-lhe quem ele realmente era. Sem hesitar, o Precursor respondeu: “Eu não sou o Cristo”. Os sacerdotes e levitas insistiram em saber o que ele dizia de si mesmo, e obtiveram a resposta: “Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías […]. Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem não conheceis. Esse é quem vem depois de mim, e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado”.
No dia seguinte, Jesus passou por aquele lugar e o Precursor o apontou, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É deste que eu disse: depois de mim virá um homem que me é superior, porque existe antes de mim”. André e João O seguiram, e passaram o dia com Ele.
Ao regressar à sua casa, André procurou Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias”. Pedro não duvidou da palavra do irmão, e quis também ir logo ao encontro do Salvador. Jesus fixou o olhar sobre ele, e disse: “Tu és Simão, filho de João, serás chamado Cefas [que quer dizer pedra]”. Antecipando o que depois lhe confiaria, Jesus mudou de modo muito significativo o nome de Simão. Cefas, em grego, significa apenas pedra, como alusão a uma rocha sólida sobre a qual se pode construir.[vi] Nome inusitado tanto para os judeus quanto para os gregos, envolvendo uma profecia.
Na história bíblica, somente em três ocasiões Deus mudou o nome próprio de alguém: quando Abrão se tornou Abraão; quando Jacó se tornou Israel; e quando Simão se tornou Pedro. Nos três casos a mudança foi proposital, sobretudo levando-se em conta a importância simbólica atribuída aos nomes em todo o Oriente.
Para Santo Atanásio, São Basílio, São João Crisóstomo, Santo Agostinho e São Jerônimo, entre outros, Jesus fez essa mudança para nos ensinar que esse Apóstolo seria, por si e pelos seus sucessores, o rochedo sobre o qual fundaria a Igreja, tornando-se a coluna da verdade.[vii] Os desígnios especiais do Salvador sobre Simão já eram claros nesse o primeiro encontro, e mais tarde Ele revelará o significado dessa mudança de nome.
Simão encontrou-se com Jesus e outros discípulos nas bodas de Caná, e ficou muito impressionado quando Jesus, atendendo ao pedido da Santíssima Virgem, operou o primeiro de seus milagres, mudando a água em vinho.
Pescador de homens
Algum tempo depois, quando Jesus caminhava pelas margens do Mar da Galileia, viu Simão e André que pescavam, e disse-lhes: “Vinde após mim, e vos farei pescadores de homens”. Imediatamente eles abandonaram as redes e O seguiram. Pouco depois, chamou também os dois filhos de Zebedeu, que também tudo abandonaram para segui-Lo.
Os quatro pescadores acompanharam Jesus a Cafarnaum. Num sábado, indo com Ele à sinagoga local, ali encontraram um possesso de um espírito imundo, que gritou: “Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!”. Jesus ordenou ao demônio que se calasse e saísse daquele homem. Impressionados, os quatro discípulos e todo o povo devem ter-se perguntado: O que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade. Ele manda até nos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
São Marcos narra que o Messias foi em seguida à casa de Simão e curou a sogra dele. São Mateus coloca este fato depois do Sermão da Montanha e da cura do servo do centurião. Seja como for, a partir desse momento a casa e a barca de Simão se tornaram a casa e a barca de Jesus em suas estadias em Cafarnaum.
São Lucas parece situar aqui a primeira pesca milagrosa. Estando Jesus à margem do lago de Genesaré, viu a barca de Simão. Entrou nela, pediu-lhe que se afastasse um pouco da margem, e dali ensinava o povo. Quando acabou de falar, ordenou: “Faze-te ao largo; e lançai as vossas redes para pescar”.
Nosso Senhor se dirigiu primeiro a Simão: “faze-te ao largo”; e depois ordenou aos que o acompanhavam: “lançai as vossas redes”. Quem dirige, pois, é Pedro, e ele informa a Jesus: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede”. Sem titubear, fez o que mandava Jesus, e o resultado foi uma pesca tão abundante que as redes se rompiam.
À vista do estupendo milagre, e tomado por um temor sagrado, Simão caiu de joelhos diante de Jesus e Lhe disse com humildade: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. O Redentor o consolou: “Não temas. Doravante serás pescador de homens”. A barca de Pedro tinha sido até então o instrumento de seu ofício, mas se tornaria uma excelente figura da Igreja, da qual ele devia ser o piloto.[viii]
Sempre o primeiro mencionado
Quando Nosso Senhor julgou chegada a hora de associar colaboradores especiais à sua obra de evangelização, reuniu seus discípulos, e dentre eles escolheu doze, a quem chamou Apóstolos. Simão é sempre mencionado em primeiro lugar: “Isso não é uma simples formalidade de protocolo, mas o indício da situação excepcional ou do lugar preponderante de Pedro no colégio apostólico”.[ix]
Pedro logo se tornou insigne entre os doze. Quando São Mateus cita os nomes de todos, ressalta: “O primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão”. A qualificação de primeiro, atribuída a São Pedro na lista de São Mateus, deve ser interpretada no sentido de uma real preeminência.[x]
Pedro se agarra com a maior fidelidade, firmeza de fé e íntimo amor ao Salvador; apressado em palavras e atos, é cheio de zelo e entusiasmo, embora facilmente suscetível a influências externas e intimidado por dificuldades. Quanto mais se destacam os Apóstolos na narrativa evangélica, tanto mais insigne aparece Pedro como o primeiro entre eles.[xi]
São Paulo, em sua epístola aos Gálatas, também dá a primazia a São Pedro. Falando do período que passou no deserto, depois de sua conversão, escreve: “Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e fiquei com ele quinze dias”. Portanto ele foi a Jerusalém apenas para conhecer Pedro. Não para conhecer Tiago, por exemplo, que além de parente de Nosso Senhor era bispo da cidade; nem sequer menciona também os outros Apóstolos. Tendo ficado com ele 15 dias, quis tratar de muitos assuntos e “conferir os evangelhos”.
Em vida de Nosso Senhor, o Príncipe dos Apóstolos sempre foi um dos privilegiados, escolhidos por Ele em ocasiões especiais: para assistir à ressurreição da filha de Jairo, à sua Transfiguração e à sua agonia no Horto, por exemplo. Depois da primeira multiplicação dos pães, é ainda Simão que anda sobre as águas para ir ao encontro do divino Mestre. Quando o mar se torna turbulento, sua fé vacila, começa a afundar, e grita: “Senhor, salva-me!”. O Salvador estende-lhe a mão e o repreende: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”. Quando o mar milagrosamente se acalma, Simão se prosterna diante de Jesus e Lhe diz: “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus”. Foi o primeiro a reconhecer Jesus como tal.
São Máximo afirma que Nosso Senhor permitiu essa fraqueza de São Pedro para mostrar a diferença que havia entre o Mestre e o discípulo. E acrescenta que, no próprio temor, a fé de Pedro se mostra maravilhosa, pois sem se perturbar grita: “Senhor, salva-me!”. Este gesto mostra que ele desconfiava de si mesmo, mas chamou Aquele em quem tinha inteira confiança.[xii]
Sendo Pedro o mais representativo dos Apóstolos, é a ele que se dirigem os coletores de impostos do Templo. Com toda naturalidade os evangelistas se referem aos Apóstolos como “Pedro e os seus”. Quando Cristo se dirige a todos os Apóstolos, é Pedro quem responde em nome deles, e com frequência é a ele que o Salvador se volta especialmente. A propósito do perdão das injúrias, recomendado por Nosso Senhor, foi Pedro quem Lhe perguntou quantas vezes deveria perdoá-las.
Em outra circunstância, ele se preocupa em saber o que receberiam em retribuição os Apóstolos, que tudo deixaram pelo Salvador. Pode-se sorrir, ao avaliar o “tudo” que deixaram esses humildes pescadores: um barco e umas redes, talvez rasgadas. Entretanto, afirma São Jerônimo: “Eles tinham deixado muito, pois nada reservaram para si, e tinham também renunciado ao desejo e à esperança de adquirir bens deste mundo”.[xiii] Por isso o Salvador lhes declarou: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”.
Parece bem, aliás, que Jesus se empenhe de modo todo particular na formação de Pedro. Ele o instrui e repreende, mas também o favorece com prodígios. É sua rede que se enche nas duas pescas milagrosas. Ele o faz caminhar sobre as águas. É ainda a Pedro que Jesus admoesta no Getsêmani. Depois da ressurreição, o anjo diz às santas mulheres: “Ide e dizei a seus discípulos e a Pedro…”.[xiv]Cristo ressuscitado aparece a Pedro antes de aparecer aos demais Apóstolos.
Desde o primeiro momento, São Pedro desempenha a função de chefe na Igreja nascente: promove e conduz a eleição de Matias; no dia de Pentecostes, “levanta-se no meio dos Apóstolos” e dirige a palavra à multidão; ante as autoridades judias, defende a causa do Evangelho e da Igreja nascente; condena Ananias e Safira; decide a admissão dos pagãos na Igreja. A ele também corresponde o posto diretor no Concílio de Jerusalém.
Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
Alguns discípulos se escandalizaram diante das palavras “comer de minha carne e beber de meu sangue”. Jesus ficou entristecido por essa atitude, segundo São João, e perguntou-lhes: “Quereis vós também retirar-vos?”. Foi São Pedro quem bradou em nome de todos, com o ardor de sua fé e o amor de seu coração, fazendo ao mesmo tempo uma solene profissão de fé: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!”. Assim, foi ele o primeiro que confessou a verdade da Eucaristia, animou também os seus companheiros a confessar esse grande mistério e a permanecer firmes no serviço de Jesus Cristo.[xv]
Mas esta não foi sua única profissão de fé. Temos outra, ainda mais eloquente, que se passa aos pés do Monte Hermon. Havia mais de um ano que os apóstolos viviam na intimidade do Mestre. Não duvidavam de sua santidade, conheciam o seu poder, e esperavam que Ele se declarasse investido da qualidade messiânica. O que ocorreu então nos é relatado pelos três evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas.
Nosso Senhor, dirigindo-se aos Apóstolos, perguntou-lhes: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?”. A resposta foi que para uns era Elias, para outros João Batista, Jeremias ou outro dos profetas. Jesus foi então mais específico: “E vós, quem dizeis que sou?”. Aí também, falando em nome dos doze, Simão Pedro exclamou: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. São Marcos interrompe aqui sua narração, e também São Lucas, que sempre o segue. São Mateus completa o que se passou, relatando as solenes promessas que o divino Mestre fez a Pedro: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus”.
Alguns, sobretudo protestantes, levantam objeções contra esta passagem, alegando tratar-se de interpolação. Mas o testemunho unânime dos manuscritos, as passagens paralelas dos outros Evangelhos, e a crença fixada da literatura pré-constantiniana fornecem as provas mais seguras da genuinidade e autenticidade do texto de São Mateus.
Seu significado se torna ainda mais claro quando nos lembramos de que as palavras ligar e desligarnão são metafóricas, mas termos jurídicos judeus. Pedro foi pessoalmente instalado pelo próprio Cristo como Cabeça dos Apóstolos. O que foi definido pelo Fundador, quando instituiu a sua Igreja, teria de continuar. E continuou, como o mostra a história presente, na primazia da Igreja romana e de seus bispos.[xvi]
Aqui cabem também as ponderações do teólogo G. Glez, no Dictionnaire de Théologie Catholique. Retomando o nome de Cefas dado a Simão, Jesus o explica e justifica, assinalando aquele que desempenha um papel de primeira importância em sua obra. Assim como a confissão de Jesus, Filho do Deus vivo, é o fundamento da fé cristã, assim também Pedro será a pedra viva (não a pedra angular, expressão e papel reservados a Jesus Cristo), o fundamento inabalável sobre o qual repousará a Igreja, edifício que o Senhor vai construir.[xvii]
Não foi somente a Pedro e à sua pessoa, mas também a todos os seus sucessores, que Nosso Senhor disse: “Tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Da mesma forma que ordenou: “Confirma teus irmãos; apascenta minhas ovelhas”. Como essa Igreja deveria subsistir até o fim dos séculos, era necessário dar-lhe uma sucessão de pastores, tão estável como ela mesma.
Roguei por ti, para que tua fé não desfaleça
Apesar de seu entusiasmo pelo Messias, São Pedro ainda não possuía pleno conhecimento de sua missão redentora. Diante da sua concepção humana do Messias prometido, pareciam-lhe contraditórios os sofrimentos pelos quais o Filho de Deus deveria passar. Isto provocou dura reprimenda de Jesus, quando Pedro quis dissuadi-Lo de falar sobre sua Paixão: “Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”. Portanto, eram ainda muito mundanos os pensamentos de São Pedro.
Outra cena transcendental confirma o papel insubstituível de São Pedro. Ocorreu durante a Última Ceia, quando os Apóstolos discutiam entre si sobre qual deles era o maior, e é descrita por São Lucas. O Salvador voltou a lhes falar da humildade que deveriam ter: “O que entre vós é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo”. E acrescentou que no seu reino todos eles se sentariam à sua mesa e julgariam as doze tribos de Israel. Voltando-se para Pedro, mudou de tema e disse: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos”.
Quando diz “vos reclamou para vos peneirar como o trigo”, Nosso Senhor fala na segunda pessoa do plural, referindo-se a todos os Apóstolos. Depois passa para a segunda pessoa do singular: “Mas eu roguei por ti…”. Nesse momento solene da Última Ceia, o Redentor diz que rezou de modo especial por Pedro, e só por ele, para que sua fé não desfalecesse. Como diz a tradução da Bíblia feita pelo Pe. Matos Soares,[xviii] para que ele, uma vez convertido, confirmasse os outros Apóstolos, os quais seriam “peneirados como o trigo”.
Ressalte-se que São Lucas descreve esta cena pouco antes daquela em que Nosso Senhor prediz a Pedro que este O negaria três vezes. No próprio momento em que lhe vaticina a negação, Jesus afirma que rezou por ele a fim de que sua fé não vacilasse. Ao contrário da passagem de São Mateus sobre o primado de Pedro, que é contestada pelos protestantes, nenhuma dúvida se levanta sobre a autenticidade deste texto de São Lucas.
Aquele que Satã deseja acima de tudo fazer cair é Pedro, chefe dos Apóstolos. Jesus conheceu o perigo que o ameaçava, mas não quis preservá-lo inteiramente. Sua prece pôs ao abrigo a fé de Pedro, pois é a ele que cabe fortalecer seus irmãos. O privilégio de uma fé indefectível só é assegurado a Pedro.
Tal prerrogativa lhe permitirá fortalecer os próprios Apóstolos na fé, sem excluir os outros crentes. E isso tanto quanto durar a Igreja, contra a qual não prevalecerão as portas do inferno.[xix] Temos indubitavelmente aí, em primeiro lugar e sobretudo, o breve enunciado do privilégio de infalibilidade pessoal e ativa concedido a Pedro. Pelo fato de essa atribuição ser feita apenas a ele, chefe supremo cuja fé confirmará a dos outros pastores, a primazia efetiva prometida em Cesareia encontra-se aqui confirmada solenemente pelo Mestre.[xx]
Não cantará o galo até que me negues três vezes
Aproximando-se o momento da Paixão, Pedro é o encarregado de tudo preparar para a Páscoa, juntamente com São João. Durante a Ceia, quando o Mestre lava os pés de seus Apóstolos, somente Pedro protesta contra esse ato de humildade do Messias: “Jamais me lavarás os pés!” — exclama, cheio de amor e de reverência para com o Mestre. Mas quando Jesus lhe diz que não terá parte em seu reino, se Ele não lhe lavar os pés, Pedro responde enfaticamente: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça”. Era-lhe inaceitável a ideia de se separar de Cristo Jesus.
Momentos depois, quando o Mestre diz que um dos presentes O há de trair, é ainda São Pedro que acena a São João, para perguntar a Jesus de quem se tratava. Foi ele também que, pouco depois, perguntou ao Mestre aonde Ele ia. Jesus respondeu-lhe, referindo-se ao futuro martírio do Apóstolo: “Para onde vou, não podes seguir-me agora, mas seguir-me-ás mais tarde”. São Pedro insistiu: “Senhor, por que não te posso seguir agora? Darei a minha vida por ti!”. Era sincero, mas um pouco presunçoso de suas próprias forças, e Jesus lhe respondeu: “Darás a tua vida por mim!… Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo até que me negues três vezes”.
São Pedro era um dos três Apóstolos que, apesar de terem dormido, Jesus fez entrar consigo no Horto. Dirigindo-se apenas a ele, Nosso Senhor perguntou: “Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora!”. O sono do futuro chefe da Igreja, naquelas circunstâncias, era mais grave que o sono dos outros dois Apóstolos.
Quando os soldados e a gentalha arrebanhada pelos fariseus vão prender Jesus, São Pedro reage cortando a orelha de Malco, servo do Sumo Sacerdote. Depois, como todos os outros Apóstolos, fugiu covardemente. Mas não se resignou em ficar longe do Mestre em perigo, e entrou no pátio da casa do Sumo Sacerdote, expondo-se assim a uma ocasião próxima de perigo. Confiando em si mesmo, caiu miseravelmente ao negar por três vezes Nosso Senhor Jesus Cristo, além de jurar que não O conhecia. Essa tríplice negação, indesculpável e terrível, não foi por vacilação de sua fé, mas por covardia e falta de vigilância.
Não o fez de coração. Por isso, quando Jesus o olhou com olhar entristecido, ele reconheceu sua falta e chorou amargamente. Pela penitência de Pedro, e pelas lágrimas que verteu no resto de sua vida, somos obrigados a reconhecer que essas quedas lhe serviram para a santificação, para um bem maior segundo os desígnios divinos.[xxi]
Simão, amas-me mais do que estes?
São Pedro não perdera a primazia, e deveria “confirmar seus irmãos”. Quando o anjo anunciou às santas mulheres a ressurreição de Nosso Senhor, pediu-lhes que dissessem “a seus discípulos e a Pedro” que Ele os precederia na Galileia. Depois Cristo apareceu em primeiro lugar a ele, antes que aos demais Apóstolos: “Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão”. Quando as santas mulheres anunciaram a Pedro e a João que o sepulcro estava vazio, os dois correram para lá. João chegou primeiro e esperou até que Pedro entrasse, dando-lhe assim a precedência.
Era preciso que o primeiro Papa reparasse sua tríplice negação por um tríplice ato de amor. Estando ele com outros Apóstolos junto ao Mar de Tiberíades, Jesus lhes apareceu pela terceira vez. Depois de nova pesca milagrosa, “aquele discípulo que Jesus amava [são João] disse a Pedro: É o Senhor!Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica e lançou-se às águas”, chegando à praia para junto do Messias. Depois de terem comido o peixe que Jesus lhes preparara, o Salvador dirigiu-se a Pedro e perguntou-lhe: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”.
João era o discípulo amado, no entanto Pedro era o que mais amava Jesus, pois o Salvador não excluiu São João quando disse “mais do que estes”. Simão Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. Nosso Senhor repetiu-lhe a pergunta: “Simão, filho de João, amas-me?”. À resposta afirmativa de Pedro, o Messias repetiu: “Apascenta os meus cordeiros”. Pela terceira vez, Ele fez a Pedro a mesma pergunta. O Príncipe dos Apóstolos entristeceu-se, pois acreditou que Jesus insistia porque duvidava de sua palavra. Disse-lhe então: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo”. Jesus repetiu a resposta, com pequena diferença: “Apascenta as minhas ovelhas”. Além de apascentar os cordeiros, ele deveria apascentar também as ovelhas.
Parece que o amor de São Pedro a Cristo era indispensável para que ele exercesse seu ofício de apascentar o rebanho que lhe fora confiado. O fato de o Salvador fazer São Pedro repetir três vezes que O amava foi, segundo Santo Agostinho, para que Pedro, dando três vezes o testemunho do grande amor que tinha por Jesus Cristo, apagasse a vergonha das três negações que cometera por sua covardia, e para que sua língua não fosse instrumento menor de seu amor que de seu temor.[xxii]
O Redentor prediz então a Pedro o seu martírio, e convida-o a segui-Lo mais especialmente. Por isso, não é estranho que a Igreja Católica sempre tenha visto nesse texto a transmissão da potestade régia sobre toda sua grei, sem distinção, feita por Cristo a Pedro.[xxiii]
São Pedro depois da Ascensão
Depois da Ascensão de Nosso Senhor ao Céu, Pedro continua tendo a principal função na Igreja nascente. Como já dissemos, ele promoveu a eleição de Matias para o lugar de Judas. E no dia de Pentecostes recebeu o Divino Espírito Santo, junto com a Virgem Maria e os outros Apóstolos. Nessa ocasião particular, recebeu uma efusão do Espírito Santo mais abundante que a distribuída aos antigos Profetas e ao próprio Moisés. Foi a partir daí que ele entrou naquela santa embriaguez predita pelo profeta Joel, e cheio da virtude do alto, abriu a boca para pregar ao mundo o mistério desconhecido da Redenção.[xxiv]
Assim, dirigindo-se Pedro aos “judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu” presentes em Jerusalém, “pondo-se de pé em companhia dos onze, com voz forte lhes disse: ‘Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém’…”. E pregou-lhes o nome de Cristo. Diz Santo Agostinho: “Viu-se então em São Pedro o que pode uma abundante efusão da graça do Espírito Santo. Ela fortificou de tal maneira esse coração antes tímido, fraco, que o fez dar pública e corajosamente o testemunho daquele que ele tinha negado”.[xxv]
São Pedro praticou também o primeiro milagre quando, em companhia de São João, curou o coxo de nascença no templo. Foram aprisionados, e ele justificou a ação de ambos diante dos juízes. Foi ele também quem condenou Ananias e Safira por terem mentido ao Espírito Santo. Decidiu também a admissão dos pagãos na Igreja. A ele coube, enfim, a direção do Concílio de Jerusalém.
Entretanto Deus Nosso Senhor confirmava por inúmeros milagres a atividade apostólica de seus discípulos. São Lucas narra que os habitantes de Jerusalém e das cidades vizinhas “traziam os doentes para as ruas, e os punham em leitos e macas a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles”, que eram assim curados.
Quando os Apóstolos foram novamente presos por pregarem o nome de Cristo, e compareceram diante do Grande Conselho para justificar sua doutrina, “Pedro e os Apóstolos” responderam que “é necessário obedecer antes a Deus que aos homens”. Tendo o diácono Felipe convertido grande número de pagãos na Samaria, Pedro e João se deslocaram de Jerusalém para organizar a comunidade e invocar o Espírito Santo sobre os fiéis. A Simão Mago, que queria comprar o poder de impor as mãos para que o Espírito Santo também descesse por seu intermédio, Pedro disse: “Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!”.
Herodes, após mandar decapitar Tiago, Bispo de Jerusalém, prendeu também Pedro com a intenção de apresentá-lo ao povo depois da Páscoa. Mas um anjo do Senhor o libertou. O Príncipe dos Apóstolos, após ter ido à casa de João Marcos, “saiu dali e retirou-se para outro lugar”, diz São Lucas. Que “outro lugar” seria este? O evangelista não o diz, mas supõe-se que se trate de Roma.
É certo que São Pedro esteve em Antioquia, onde inicialmente se misturou com os cristãos não circuncidados. Mas, quando judeus conversos chegaram à cidade, temeu que esses observantes rígidos da lei cerimonial judaica se escandalizassem, periclitando assim sua influência junto a eles, por isso evitou comer ao lado dos não circuncidados, merecendo por isso uma repreensão de São Paulo.
O incidente mostra que a autoridade de São Pedro na Igreja primitiva era tida como decisiva, pois num caso como este deveria prevalecer o que ele decidisse. São Paulo, com uma liberdade toda apostólica, não hesitou em chamar a atenção do chefe da Igreja, e de mostrar-lhe a inconsistência de sua ação.
Viagens apostólicas de São Pedro
Em sua primeira epístola, São Pedro se dirige aos eleitos que são estrangeiros e estão dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na Ásia e na Bitínia, o que leva a supor que ele tenha trabalhado também com os judeus da diáspora nessas regiões. Eusébio de Cesareia (que viveu entre 260 e 340) afirma que São Pedro e São Paulo estiveram em Corinto, e que lá plantaram a Igreja. Esta tradição parece encontrar eco em São Paulo quando menciona, entre os vários “partidos” formados na Igreja de Corinto, o “partido de Cefas”.
São Paulo confirma indiretamente viagens apostólicas de São Pedro, quando diz: “Acaso não temos nós direito de deixar que nos acompanhe [em nossas viagens apostólicas] uma mulher irmã, a exemplo dos outros Apóstolos e dos irmãos do Senhor e de Cefas?”. Tertuliano, São Cipriano, São Gregório e outros dão testemunho de que São Pedro levou a fé à África, e notadamente a Cartago, à Numídia e à Mauritânia.[xxvi]
A última menção que os Atos dos Apóstolos fazem a São Pedro é no chamado Concílio de Jerusalém. O problema que voltara à baila era ainda o da necessidade ou não da circuncisão e da observância da lei de Moisés para os convertidos do paganismo. São Pedro então se levantou e, após explicar o trabalho que estava fazendo com os cristãos vindos do paganismo, perguntou aos judaizantes: “Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?”. Foi então aprovado por todos os Apóstolos que não eram necessários a circuncisão e os preceitos mosaicos para os cristãos vindos do paganismo.
São Pedro em Roma
A ida de São Pedro para Roma e seu martírio são fatos inquestionáveis na tradição, embora não haja dados concretos de sua atividade na capital do Império. Entretanto, o fato é atestado por uma série de testemunhos distintos, estendendo-se do fim do primeiro século ao fim do segundo.
É amplamente afirmado que Pedro fez uma primeira visita a Roma após ter sido libertado da prisão de Jerusalém; e que São Lucas omitiu o nome de Roma, por razões especiais, substituindo-o por outro lugar. Não é impossível que Pedro tenha feito uma viagem missionária a Roma por esse tempo (depois de 42 A.D.), mas tal viagem não pode ser estabelecida com certeza.[xxvii]
Este texto não tem finalidade apologética, seu objetivo é apenas a edificação dos católicos. Como os católicos não duvidam de que o príncipe dos Apóstolos esteve em Roma, deixaremos de lado os vários depoimentos de santos e escritores da Antiguidade cristã confirmando esta tese. Já na metade do século II, era voz corrente a tradição de que São Pedro foi o fundador da Igreja de Roma.[xxviii]
Com relação ao martírio de São Pedro e São Paulo na capital do Império, citemos apenas o testemunho do Papa São Clemente, em sua carta de Roma aos coríntios, escrita entre os anos 95 e 97, cuja autenticidade não é posta em dúvida:
“Tomemos os nobres exemplos fornecidos em nossa própria geração. Por inveja e ciúme, os maiores e mais justos suportes da Igrejasofreram perseguição e foram entregues à morte. Coloquemos diante de nossos olhos os ilustres Apóstolos. Pedro, que em consequência de injusto zelo, sofreu não um ou dois, mas numerosos trabalhos; e, tendo sofrido o martírio, entrou no lugar de glória que lhe era devido”.[xxix]Menciona em seguida São Paulo e numerosos eleitos que foram reunidos aos outros e sofreram martírio ‘entre nós’ (en hemin, isto é, entre os romanos). Esse Papa está sem dúvida falando da perseguição de Nero, como o prova toda a referência, e desse modo se refere ao martírio de Pedro e Paulo na época.[xxx]
Escrevendo no início do século III, em apoio a uma tradição já existente, Tertuliano afirma que São Pedro foi crucificado. Nisto é endossado por Orígenes, que acrescenta: “Pedro foi crucificado em Roma, com sua cabeça para baixo, como ele mesmo tinha desejado morrer”.[xxxi] O escritor eclesiástico Eusébio, no início do século III, apresenta o 13º ou 14º ano de Nero como a data do martírio dos dois Apóstolos, coincidindo com os anos 67 e 68, data aceita por São Jerônimo.
Conforme a tradição, baseada também no testemunho de Tácito (historiador romano do fim do I século e começo do II), as horríveis cenas de perseguição de Nero ocorriam nos jardins deste nas colinas do Vaticano, e ali teria acontecido também o martírio de São Pedro.
Durante certo tempo os restos de Pedro permaneceram com os de Paulo numa galeria na Via Ápia.[xxxii] Constantino mandou construir uma magnífica basílica no local do martírio de São Pedro, no Vaticano, a qual foi substituída no século XVI pela atual e imponente basílica, que é a mãe de todas as igrejas.
Da estadia de São Pedro em Roma e de seu martírio como primeiro bispo da Cidade Eterna — portanto, o primeiro Papa —, deriva a primazia da sede romana e o primado de Pedro sobre todas as igrejas.
No decurso das vicissitudes humanas pelas quais passou a Igreja, inserindo-se na vida complexa e cambiante dos povos, o dogma do primado do Papa foi se desenvolvendo e precisando-se. Ora nos enfrentamentos com autonomias eclesiásticas e ciúmes locais, ora cobiçado pelas ambições políticas e competições jurídicas, mais raramente por doutrinas de pura especulação, sempre permaneceu substancialmente idêntico ao desígnio primitivo do Divino Mestre.[xxxiii]
Fazendo prevalecer a tradição, o Concílio Vaticano I definiu solenemente o primado do romano pontífice, na Constituição dogmática I ‘Sobre a Igreja de Cristo’, onde expôs e definiu a natureza e a amplitude do primado do Romano Pontífice.
A respeito, encerramos a presente matéria com um comentário de Plinio Corrêa de Oliveira, em 11 de novembro de 1988:
“Bem no meio da praça de São Pedro, chama a atenção um obelisco — agulha de pedra muito alta, coberta de inscrições egípcias. Os faraós mandavam erigir obeliscos narrando os fatos do reinado deles, ou coisas do gênero. O Egito foi a mais gloriosa das nações antigas, e a Grécia formou grande parte de sua cultura aproveitando elementos da cultura egípcia. Os romanos, por sua vez, inspiraram-se em larga medida na cultura da Grécia. Assim, um obelisco no centro daquela praça tem muito significado. No alto do obelisco foi colocada uma cruz, simbolizando assim o triunfo da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o mundo inteiro.
E a ideia que preside o conjunto da praça e da Basílica de São Pedro é a representação de uma chave [foto acima]. É muito significativa tal representação em forma de chave, lembrando as chaves do Apóstolo São Pedro –– a chave dos Céus e a da Terra –– o poder exercido no Reino do Céu e, indiretamente, no Reino da Terra!”
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[i] Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Saint Pierre, Prince des Apôtres, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VII, p. 422.
[ii] Cfr. F. Bechtel, Bethsaida, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
[iii] A. Tricot, Saint Pierre, Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1935, tomo XII, col. 1748.
[iv] Cfr. S. Vailhé, Capharnaum, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
[v] A. Tricot, op. cit. col. 1748.
[vi] G. Glez, Primauté du Pape, Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1935, tomo XIII, col. 250.
[vii] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 423.
[viii] Id. Ib. p. 424.
[ix] A. Tricot, op. cit. col. 1749.
[x] A. Loisy, Les évangiles synoptiques, Ceffonds, 1907-1908, t. I, p. 529 sq.,apud Glez, id. ib.
[xi] J.P. Kirsch, op. cit.
[xii] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 425.
[xiii] Id. Ib. p. 427.
[xiv] G. Glez, op. cit. col. 250.
[xv] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 426.
[xvi] J. P. Kirsch, op. cit.
[xvii] G. Glez, op. cit. col. 256.
[xviii] Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 1980.
[xix] Lagrange, L’Évangile de Jésus-Christ, p. 512-513, apud G. Glez, op. cit.col. 259.
[xx] G. Glez, op. cit. col. 259.
[xxi] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 428.
[xxii] Id. Ib. p. 429.
[xxiii] A. Turrado, Turrado, op. cit. p. 141.
[xxiv] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 430.
[xxv] Id. ib. p. 431.
[xxvi] Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 442.
[xxvii] J. P. Kirsch, op. cit.
[xxviii] Cfr. J.P. Kirsch, op. cit.
[xxix] The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition, Fathers, Clement of Rome, Letter to the Corinthians, cap. 5.
[xxx] J.P. Kirsch, op. cit.
[xxxi] Id. Ib.
[xxxii] Id. ib.
[xxxiii] G. Glez, op. cit. col. 248.
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