Santo Antônio do Arguim

Santo Antônio da Barra - By Paul R. Burley, CC BY-SA 4.0 , via Wikimedia Commons (cut)

13 de junho é festa de Santo Antônio. Conhece a incrível história da imagem de Santo Antônio que enfrentou piratas, virou militar, salvou a cidade de Salvador e assim se tornou seu primeiro padroeiro? Parece ficção, mas não é!

Igreja de Santo Antônio da Barra, SalvadorBy Paul R. Burley, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

⚜️ 💠 ⚜️ 💠 ⚜️

Em 1595, uma esquadra de 12 navios partiu da França para tomar e arrasar a cidade de Salvador na Bahia. Todos esses corsários eram luteranos, e seu comandante se chamava Pão de Milho (sic! Imagino que esse registro português se deve a um jogo fonético com algum nome como Jean-Denys).

Passando pela costa da África, os franceses aproveitaram a rota para destruir a fortaleza portuguesa chamada de Arguim. Os bons soldados portugueses lutaram valorosamente, mas como eram poucos, o forte lhes foi tomado. No fim, os luteranos haviam prometido não fazer mal aos que se entregassem, mas passaram todos ao fio de espada assim que o fizeram.

Após a vitória, toda a vila de Arguim foi saqueada; as igrejas foram arrasadas e todas as imagens dos santos foram destruídas. No entanto, houve uma imagem de Santo Antônio que chamou a atenção de Pão de Milho; para divertir-se, o capitão mandou levá-lo para seu navio.

Durante a viagem para a Bahia, Santo Antônio foi deixado no convés, e com ele fizeram todo tipo de abominações e maldades. Deram-lhe tantos golpes de espada que a imagem ficou completamente deteriorada. Às vezes, arrastando-o pelo navio diziam: – Antônio, Antônio, guia, guia o navio para a Bahia.

Passados alguns dias, sucedeu um fato muito misterioso. Todos os arcos dos barris de água e vinho se romperam, até mesmo os eram de ferro! Não apenas toda a bebida de que dispunham foi perdida, mas também os alimentos, pois, atingidos pela água, estes apodreceram.

Imagem de Santo Antônio do Forte da Barra, Salvador – By Paul R. Burley, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

Os navios haviam ficado completamente sem mantimentos ainda no meio da viagem. Consequência disso ou não, o aparecimento repentino de uma doença acabou por matar a maior parte dos tripulantes em poucos dias. Foram tantas as baixas, que faltava agora até marinheiros para soltar as velas e levantar âncoras.

Prosseguindo a fúria que estes levantaram dos Céus, uma horrível tempestade se abateu sobre eles. Tal foi a violência do mar que se afundaram quase todos os navios da esquadra, sobrando somente o navio do capitão, onde justamente viajava a imagem de Santo Antônio.

Além do capitão, tão poucos haviam restado no navio quando chegaram à Bahia, que decidiram entregar-se assim que desembarcassem. Mas não, é claro, sem antes desfazer-se de Santo Antônio, jogando-o ao mar, pois seus danos denunciariam sua impiedade.

Quando o navio aportou, umas 50 léguas de Salvador, os franceses foram logo presos e escoltados a pé em direção a capital baiana. Parecia então ser o fim dos sofrimentos daqueles sanguinários corsários, no entanto, algo incrível aconteceu. Quando passaram pela praia de Itapuã, os franceses tomaram um visível susto, pois lá estava, em pé sobre a areia, a imagem de Santo Antônio que eles haviam jogado no mar.

Ao deparar-se com Santo Antônio, Pão de Milho exclamou: – Antônio, Antônio, aqui estás, Antônio!” E, interrogados pelos soldados católicos, os corsários confessaram tudo o que haviam feito. Embora até os ventos estivessem contrários, o santo havia boiado miraculosamente até a praia. Foi também notado que na areia não havia nenhum sinal de homem, nem de animal, que pudesse ter levantado a imagem, ali era um caminho deserto. – Enfim, Antônio, tomaste vingança de nós; na verdade, contra nossa vontade, fizeste o que de ti exigimos: conduziste-nos para a Bahia, para sermos castigados, finalizou Pão de Milho.

Santo Antônio inicialmente foi levado ao convento dos franciscanos em Salvador, mas posteriormente foi substituído por uma nova imagem, pois aquela estava quase totalmente destruída. O rei espanhol, Filipe II, na época também rei do Brasil, decretou em vista desses fatos que Salvador tomasse Santo Antônio por seu padroeiro e que, em sua honra, se celebrasse anualmente uma festa solene no quarto domingo do Advento, dia em que o santo entrou em Salvador.

Dois anos depois, uma nova esquadra francesa com 12 navios partiu para destruir Salvador e vingar a morte dos companheiros. Mas Santo Antônio, seu protetor, novamente interveio, pois a maioria dos navios naufragou diante da cidade.

Assim, em 1705, o ‘Senado da Câmara de Salvador’ solicitou ao governador-geral que Santo Antônio tivesse patente militar no forte de Santo Antônio da Barra, onde ganhou sua nova capela. A proposta foi aceita, o santo recebeu o posto de Capitão e um salário a ser pago ao Convento de São Francisco. Posteriormente, em 1810 Antônio chegou a ser promovido a Major, e em 1814 Tenente-coronel.

Forte e Farol da Barra – By Mirella856, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

Gostando de conhecer mais sobre Nossa Senhora?
Nos ajude a divulgar ainda mais! Considere uma DOAÇÃO para esse trabalho!

Santo Antônio, rogai por nós!

Ivan Rafael de Oliveira

Fontes de Pesquisa: https://:

brasilhis.usal.es/en/node/9026

pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Santo_Ant%C3%B4nio_da_Barra

Seja o primeiro a comentar

Deixe um comentário