Nossa Senhora de Lourdes – Solidão

3º domingo de outubro é festa de Nossa Senhora de Lourdes em Solidão, Pernambuco. De ateu universitário à um zeloso missionário, e de um local inabitado ao centro de uma cidade, assim as coisas desenvolvem quando se tem as bênçãos da Santíssima Virgem!

⚜️ 💠 ⚜️ 💠 ⚜️

Era por volta de 1885, o jovem francês Carlos Adriano Maximínio Cottart, estudante de engenharia, estava escalando os Alpes com seus amigos, quando foi atacado por uma grande águia. Estando à beira de um abismo, Carlos se agarrou a um rochedo e prometeu à Virgem Santíssima que, se ela lhe salvasse, ele se tornaria um sacerdote e missionário. Nesse momento, a águia se distancia e o rapaz pôde voltar para casa. Porém, passado algum tempo, o curso foi concluído e a promessa esquecida.

Grande decepção teve sua mãe, quando ao convidá-lo para as orações do mês mariano, Carlos lhe responde que não tinha mais fé, que agora era ateu. Enquanto sua mãe, chorando, vai sozinha para a igreja, o moço vai para o quarto e começa a ler um livro. Nessa hora, ele ouve uma estranha voz que lhe pergunta sobre sua antiga promessa. Assustado, Carlos procura quem lhe falara, mas não vê ninguém, e retorna para o livro. A voz então volta, mas agora em um tom tão terrível que o abala profundamente – “Carlos, lembra-te do que prometeste?!” O rapaz então levanta a cabeça e vê diante de si a cena da águia o atacando nos Alpes. A cena é vista de forma tão real que o faz desmaiar sobre o livro.

O rapaz ficou tão transtornado com essa visão que chegou a passar algum tempo internado num hospício. Mas, depois de uns dois anos, recobrando a lucidez, o rapaz peregrina à Lourdes, onde renova a promessa a Nossa Senhora. Em 1894, com 26 anos de idade ele finalmente recebeu a ordenação sacerdotal como padre congregado do Sagrado Coração.

Algum tempo depois, no Natal de 1902, a padre Cottart é enviado para Pernambuco, tornando-se vigário de Poço da Panela. Em 1910, ele é transferido para Afogados da Ingazeira, onde depois de 15 anos de intenso apostolado, entrega sua contrita alma a Deus. Seus restos mortais foram depositados na matriz de Afogados (hoje Catedral), uma igreja construída pelo por ele mesmo, em um belíssimo estilo gótico, tendo utilizado seus bons dotes como engenheiro.

A construção da capela de Lourdes

Ainda na época da chegada do Padre Carlos a Afogados, Jesuíno Pereira, um homem muito religioso, convidou o padre para lá celebrar uma missa e benzer suas novas terras. – “Que solidão!” – disse o padre ao chegar no local. Jesuíno era homem tão simples que não sabia o que aquela palavra significava, e quando o padre lhe explicou, esse passou a ser nome dessa fazenda que mais tarde veio a se tornar a cidade de Solidão!

Tanto o Padre Carlos quanto Jesuíno queriam construir na região uma capela em honra de Nossa Senhora de Lourdes; porém, ambos faleceram antes de concretizarem essa obra. A construção ocorreu então, como uma homenagem da população ao falecido missionário, ficando pronta em 1947. Aproveitando que a cidade fica localizada aos pés de uma serra, também foi construída uma escadaria com uma reprodução da gruta de Lourdes. Prodigiosamente, ao lado da gruta começou a minar uma água límpida por entre as pedras, que por muito tempo foi tida como milagrosa.

As graças e milagres que lá foram alcançadas logo ganharam fama e deram início a uma intensa romaria. Embora as águas da fonte vieram um dia a secar, a fé do povo até hoje permanece intacta.

Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Ivan Rafael de Oliveira

Fontes de Pesquisa: https://:

bandapadrecarloscottart.wordpress.com/memoria-da-banda/

solidao.pe.gov.br/lernoticia.php?idnoticia=135&pagina=4