Juventude e Tradição: realidades antagônicas?

Juventude e Tradição: as riquezas do passado levadas adiante pelo dinamismo do jovem, rumo ao futuro
Passando o bastão
Juventude e Tradição: as riquezas do passado levadas adinate pelo dinamismo do jovem, rumo ao futuro
Passando o bastão

Juventude e Tradição. Para muitos, trata-se de realidades antagônicas. O jovem tem em si, por excelência, o dinamismo voltado para o futuro. E Tradição seria sinônimo apenas de passado.

Tal conceito de tradição, entretanto, é incompleto. E, por isso, equivocado.

Tradição não é apenas passado. É conservação do que há de bom na longa série de experiências acumuladas, somada ao dinamismo do presente, para garantir o progresso rumo ao futuro.

Se o dinamismo do jovem negasse tudo o que representa o passado, teríamos que nos resignar a um perpétuo recomeço. E ao desperdício do conhecimento acumulado pelas gerações que nos precederam.

Não. Não há contradição entre juventude e Tradição. O jovem é apenas o mais novo corredor, nessa História que pode ser comparada a uma corrida de revezamento. O sangue novo, cheio de energia, é responsável por levar o bastão ainda mais longe.

Com a palavra, um santo bispo

Para confirmar esse conceito, trazemos hoje as palavras de um bispo húngaro, já citado em post recente. Trata-se de Dom József Mindszenty, arcebispo-primaz da Hungria, feito Cardeal pelo Papa Pio XII.

Transmitindo em suas Memórias[1] uma alocução à juventude de Budapeste, capital do seu país, o prelado relatou:

“Propus aos jovens a seguinte questão: ‘Qual é o objetivo próprio à juventude húngara de hoje?’

E eu mesmo respondi: ‘algumas pessoas pretendem varrer todo e qualquer traço do passado. Não sejam, contudo, tão apressados em estrear sua bela vassoura!

Conquanto, por que deveríamos varrer o passado quando podemos encontrar para ele alguma utilidade? Muitas coisas do passado são ainda dignas de serem preservadas.

A Mãe, os professores e as Tábuas da Lei

Continua o Cardeal húngaro:

“A mais bela imagem em nosso passado é a figura de nossa mãe. Não quereríamos nunca varrê-la de nossa memória como com uma vassoura.

Tampouco o faríamos com a imagem de nossos professores, que nos ensinaram tudo o que hoje sabemos, e cuja sabedoria e bom caráter nos mostraram o caminho para o futuro.

E o que dizer daquelas duas tábuas de pedra em que estão escritos os Dez Mandamentos? Nenhuma vassoura será capaz de varrê-las!

Devemos também cuidar para que ninguém varra nossa mãe de 2000 anos, a Santa Igreja, ou nossa outra mãe, também milenar, nossa pátria a Hungria”.

Tradição, futuro e glória

O jovem não deve se considerar um destruidor. Muito pelo contrário. Ele deve assumir o papel do corredor responsável pela vitória, aquele que conquistará a glória para o nome de sua família.

A não ser assim, que futuro esperar para nossa pátria? O de uma terra arrasada…

O triunfo de Nossa Senhora, por Ela previsto em Fátima, será o retorno do passado glorioso da Cristandade. Retorno incrementado por uma nova torrente de graças do Divino Espírito Santo, a suscitar nas almas um caráter jovem, capaz de todas as ousadias na linha do bem.

Vinde, Virgem de Fátima, não tardeis!


[1] MINDSZENTY, József Cardinal. Memoirs. Translated by Richard and Clara Winston. Macmilan Publishing Co.: New York, 1974. P.290.

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