“A família mereceria o prêmio Nobel de Economia”. É esta a opinião do italiano Ettore Gotti Tedeschi, renomado economista, professor universitário, escritor e banqueiro, ex-presidente do IOR (Instituto para as Obras de Religião, do Vaticano).
Em entrevista exclusiva para a Revista Catolicismo, neste mês de agosto de 2020, Tedeschi fala sobre o papel decisivo da instituição familiar na economia, e os desafios que ela vem enfrentando na atual crise moral e religiosa da sociedade.
Transcrevemos um curto trecho da entrevista, no qual o economista sintetiza o enorme contributo da família para o bom funcionamento da economia.
Catolicismo: Qual é o papel da família para a economia?
E.G.T.: A família mereceria o prêmio Nobel de Economia. E a Igreja Católica mereceria também esse prêmio, pelo valor que atribui a esse núcleo social indispensável.
O valor econômico da família decorre do estímulo, empenho e ações responsáveis, visando a apoiar e organizar seu próprio desenvolvimento. Numa sociedade em que a família não é valorizada, os danos econômicos são enormes.
Numa família se originam projetos que exigem maiores compromissos na geração de riqueza, poupança, investimento.
No seio da família surgem estímulos competidores saudáveis, sobretudo graças à educação e ao treinamento subjetivos de cada membro, que em perspectiva se torna motor da produção de riqueza que beneficia toda a sociedade.
Além disso, ela absorve os problemas sociais e econômicos de seus membros, sem transferi-los ao Estado. Tende a ajudar e proteger seus membros mais fracos e vulneráveis, que de outra forma sempre pesariam para a sociedade.
A família assume três áreas de valor social:
- criando as condições para o crescimento do PIB,
- formando e educando,
- limitando os custos do Estado assistencial.
Portanto, a família é fonte de investimento em capital humano, fonte de maior comprometimento produtivo, de autoprodução e redistribuição de renda dentro dela. Por isso, ela é o primeiro posto de criação de riqueza da sociedade.
Ignorar ou mesmo degradar este papel, ao invés de incentivá-lo, é uma das primeiras causas do declínio socioeconômico e cultural da sociedade.
Se um país não acreditar na família, verá ruir o crescimento da riqueza produzida e do seu bem-estar econômico e social.
Se a família estivesse listada na bolsa de valores, seria o melhor investimento para se criar riqueza sustentável.
Pelo contrário, ela não é amada pelo fato de competir na educação com o Estado, além de ser considerada uma “invenção” da religião católica.
Só por isso a religião católica e seus valores naturais e sobrenaturais já deveriam ser estudados com mais profundidade.
Para todos os defensores da família, essa síntese oferecida pelo economista é realmente uma joia, a ser guardada com carinho, e sempre admirada.
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