Conta Frei Jerônimo da Cruz, que numa ocasião, em sua presença, São João da Cruz repreendeu a um religioso por uma falta cometida.
O Santo, como de costume, disse tudo com modéstia e temperança. O repreendido se encolerizou de sorte que respondeu ao Santo Varão com impaciência e desmedidas palavras livres e descorteses.
O que deveria fazer o Santo para confundir a soberba de seu súdito, frear a queda daquela alma que estava caindo e ganhá-la suavemente para Deus?
Ajoelhou-se na capela e prostrado em terra, osculou o chão (que é uma ação religiosa própria a culpados que reconhecem sua culpa, quando são repreendidos) e permaneceu assim ouvindo a repreensão de seu súdito, que com a alma apoderada pela ira, descarregava a fúria de sua impaciência.
Depois de ouvir tudo o que a cólera inspirara naquela alma, o servo de Deus levantou-se, osculou o seu Escapulário, (que também é um ato de humildade), e lhe disse:
Seja isto por amor de Deus.
E saiu, deixando a seu súdito muito mais confundido e arrependido do que se lhe dera uma muito ácida repreensão, ou que se tivesse lhe castigado com a pena mais severa do mundo.
(DOCETE – Pe. Anton Koch, S.J. –Editorial Herder, Barcelona, Espanha – Vol. VII – 1ª. edição, 1958, pp. 332 – 333).
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