A castidade é uma virtude jovem.
– “Como assim?” – perguntará algum leitor ansioso.
Explico-me.
Castidade talvez seja uma palavra ausente de muitas mentes hoje. Tornou-se, de há muito, um tabu. Palavra proibida, vergonhosa, própria de velhos. Ou mesmo só de velhas.
No entanto, se analisarmos a realidade a fundo, veremos o tamanho do equívoco.
Segundo definição tirada de um Catecismo católico, “a castidade é a virtude moral que nos faz reprimir tudo o que há de desordenado nos gozos carnais”[1].
Por mais que o mundo pregue que “o jovem deve gozar a vida”, os mandamentos de Deus continuam vigorando. E o inferno continua aberto. Os pastorinhos de Fátima são disso testemunhas incontestáveis!
Os preceitos morais ensinados pela Igreja são válidos para todos os tempos, e para todos os lugares. Contestá-lo é negar a própria Bíblia, é pôr em perigo a própria Fé.
A Castidade é uma virtude jovem
Como vimos, a Moral nos ensina que devemos “reprimir” o que há de desordenado nos deleites carnais.
Pois bem. Se formos medir a presença de tais “gozos carnais” no mundo moderno, vamos concluir que eles são onipresentes. Tudo, em todos os campos, a todo propósito – e mesmo sem propósito – se não os contém, remete para eles.
Alguém que busca a virtude poderia concluir, desanimado, que eles são hoje invencíveis. Inexoráveis. Avassaladores. Querer, então, resistir a eles, procurar “reprimi-los”, seria no mínimo loucura…
Ora, com isso estaríamos afirmando implicitamente que os mandamentos já não podem ser cumpridos. E Deus, ou já não nos cobra mais, ou, se cobra, é um tirano!
Dilema sem saída, porém falso. Vejamos o que sobre isso ensina o Concílio de Trento, em sua Sessão VI, Capítulo XI:
Deus jamais nos pede coisas impossíveis, mas pedindo, aconselha que façamos aquilo que pudermos, e que peçamos aquilo que não tivermos a possibilidade de fazer…
Estamos de acordo, então, até aqui, que a castidade é um preceito moral que continua em vigor. E que o ambiente que nos envolve leva na direção oposta a seu cumprimento.
O caráter do jovem
Façamos uma pausa, para conversar um pouco sobre o jovem. Como podemos caracterizá-lo?
Fiz um elenco – que não pretende ser exaustivo – de algumas qualidades próprias a ele. Eis a lista dessas virtudes que o caracterizam:
- Força – é na juventude que desabrocham tanto o vigor de personalidade quanto a própria força física
- Ousadia – o novo rebento ainda está aprendendo a reconhecer certos limites
- Destemor – no geral, a prudência só chega na idade madura…
- Coragem – seu vigor o impele contra a maré
- Idealismo – ele quer mudar o mundo, quer dedicar-se a algo grande
- Vitalidade – sente dentro de si uma vida que quer expandir-se
- Criatividade – não aceita que obstáculos possam ser intransponíveis
- Amor desinteressado – o fantasma da venalidade só mais tarde virá visitá-lo
Esse é o jovem. Ou, talvez melhor: essa é a essência da juventude, sob o ponto de vista que nos interessa.
Voltando ao ponto
Com tudo o que foi dito, já podemos retomar nossa afirmação: a castidade é, de fato, uma virtude jovem.
Procuremos alinhavar as duas partes, “castidade” e “jovem”.
Força, ousadia, destemor, coragem. O que de melhor para poder enfrentar um ambiente hostil? A castidade pressupõe todas essas qualidades!
E o que dizer do idealismo? Qualquer ideal de vida, desemboque ele na vida matrimonial ou no estado religioso, é favorecido pela castidade. Ela é a armadura que permite ao ideal chegar ileso ao seu objetivo.
“Mas como fica nisso a vida borbulhante que o jovem sente em si?” – não há como escapar à dúvida.
Ora, toda fonte, por mais abundante, acaba derramando-se em canais. Assim também a vitalidade. Para que ela alimente o rio caudaloso do ideal, é preciso que corra entre as margens delimitadas pela castidade.
Senão, suas águas dissipam-se ao sol das paixões momentâneas. Quantos exemplos disso a nosso alcance!
Frente aos becos sem saída do ambiente sedutor, é a castidade, com sua santa “mania de limpeza”, que sugere ao jovem perseguido novas saídas. Ó, criatividade salvadora!
Quanto ao amor desinteressado, não há a menor dúvida: nem é preciso procurá-lo em uma alma não casta. Aí só mora o egoísmo…
Castidade: jovem virtude
Sim, a castidade é uma virtude jovem, e feita ‘na medida’ para o jovem!
Para aqueles que prefiram ceder ante a maré dos prazeres carnais desenfreados, levados pelo gozo ou pela vergonha, restam os vícios – esses, nada apropriados à juventude.
Mas há ainda um aspecto, aliás essencial. Trata-se de uma “virtude”. E quando se fala em virtude, fala-se necessariamente em graça de Deus.
Vem também do Concílio de Trento (Sessão VI, Cânone 2) a afirmação consagrada: ninguém pode manter-se estavelmente no caminho do bem sem a assistência da Graça.
E essa assistência, continua o mesmo Concílio, está garantida se pedirmos:
… pois Deus sempre nos ajuda com Suas graças para que consigamos fazer aquilo que Ele nos pede, e Seus mandamentos não são pesados, e Seu jugo é suave, e Sua carga é leve.
Recorrer a Maria, Virgo Castíssima
Onde melhor obter essa graça, senão junto Àquela que é chamada pelos santos a Tesoureira de Deus?
Ela é a Virgem Castíssima, que ao longo da História vem preservando todos os santos da lama pegajosa da impureza.
Quem a Ela recorre, esteja certo de obter essa virtude, que de tão alta e tão forte, nos faz competir com os anjos!
Jovem: na sua luta de cada dia para se preservar, contra o ambiente hostil à virtude, nunca desista! Lembre-se: recorrendo à ajuda de Nossa Senhora, você vencerá sempre!
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[1] BARBARA, Noël. Catéchèse catholique du mariage. Saint-Maurice: Editions Rhodaniques,1963.
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